quarta-feira, 1 de setembro de 2010

a minha paixão por toiros e touradas

Há quem não goste da festa brava, e estão no seu direito. Eu gosto.



Este meu gosto já me tem causado muito virar de costas.

Os partidos de esquerda consideram que gostar de tourada é ser fascista.

O amigos dos animais também não aceitam a tourada e pensam que os aficionados maltratam os animais.



É preciso conhecer para amar.



Desde miúda que os meus pais me levavam à tourada. Eu não gostava. Tinha medo. Os curros eram pouco seguros e perto das casas de banho, os toiros muitas vezes saltavam as trincheiras e algumas vezes conseguiam mesmo andar pelas bancadas. O medo era tanto que nem conseguia ver nada.



Depois do aparecimento da televisão, as touradas começaram a ser mais seguras, e os comentadores explicavam o nome dos passes, as chicuelinas, os passes naturais, e eu até treinava aquelas posições e passes, sonhando ser toureira.



Quando fui estudar para Santarém, aprendi mais, conheci os toureiros e todo o mundo que os rodeia, os criadores de toiros e cavalos, os campinos. Compreendi que a tourada não é só, mas também, valentia. Há normas, regras rígidas, e os aficionados castigam os toureiros que não as cumprem.



De longe prefiro a tourada a pé em detrimento da faena a cavalo, embora tenha admirado alguns, extrordinários, como Gustavo Zenkl, pela entrega, alegria e emoção que transmitia a toda a praça e David Ribeiro Telles menos emotivo, mas grande cavaleiro e cumpridor das regras do toureio, também ele valia a pena ver. A pé, tenho que nomear Chibanga e Manuel dos Santos, grandes emoções e mais clássico o Diamantino Viseu.



na dúvida de que se consiga ler o original, transcrevo a parte da notícia que fala do toiro

"O toiro é um animal belo, altivo, orgulhoso, nobre. A sua pele negra, bem negra, esconde na ausência do claro-escuro a musculatura de Hércules.

O corpo é elegante e flexuoso; harmonioso no andar, coleante no galope largo, primoroso de linhas no repouso, majestoso na posição de reparar e ver. Na carreira, excede, por vezes, o cavalo.O olhar é vivo, brilhante, fino: por mais sereno, exprime, sempre, um vago de ameaça, que é de desconfiança e que é de orgulho. Como da cabeça de um fauno, da sua cabeça insolente, por entre a corna espessa e emeranhada, erguem-se as pontas , ameaçadoras foices da morte, como a do Tempo. Sempre perigoso no abordar, é temível no cão. Provocado, dominado pela cólera, alheia-se à dor e ataca até ao último resto das suas forças, narinas fumegantes, alucinado, arquejante, sem já ver o inimigo, até oscilar, até cair! Nenhum animal receia, nenhum o vence na luta: nem o tigre, nem o elefante, nem o leão. É pela valentia extrema, pelo desprezo da morte, pela nobreza do ataque, o bravo dos bravos!

Tal é o toiro, o velho e fidalgo animal, habitante da Península, o negro senhor das nossas lezírias que os Egípcios veneraram na terra e colocaram no céu entre as constelações do zodíaco. ..."



Esta descrição demonstra bem o amor e respeito por este animal magnífico.




Completamente fora de questão a ideia que os apreciadores de tourada maltratam os animais, sendo que a tourada também não tem isso como objectivo, nem sequer incentiva a violência. É pena que a tourada seja presentemente tão mal entendida.

Por hoje fico-me por aqui, mas hei-de voltar ao assunto.



Imagens digitalizadas da revista "Illustração Portugueza" de 23 de Março de 1908 - Texto de Marcellino Mesquita
(se alguém quiser toda a notícia posso enviar digitalizada-8 folhas/ficheiros)

1 comentário:

  1. A tourada faz parte da cultura de regiões bem demarcadas do país!
    Divirto-me com as pegas,sobretudo quando correm mal aos forcados, sem grandes danos para eles, não gosto de ver as farpas a serem espetadas...
    Na globalidade não aprecio o espectáculo mas não rotulo as pessoas que gostam!
    Sou ribatejana da serra mas com raízes na lezíria...

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